01 agosto 2006

Depressão....

Bela é a inquietação que me aflige e que confunde minha mente.
Bela são minhas elucubrações que pararam na mente e não desceram ao coração.
Tão belas são todas as dúvidas que tal qual o sino, também ressoa em minha mente ecoando aflição.

Ó loucura tú és a vil inquietação.
És vil, mas deveras sensata, pois sempre tens um motivo para me atormentar.
Indiferente às minhas razões tu me assolas.
Se amo, já não amo mais. Ou talvez ame mais ainda. Ou ainda, ame errado.
Tudo porque estou louco. Louco por causa dessa inquietação.
Quão bela tu és, pois fazes em mim o que jamais fiz em toda minha vida.
Tu tens objetivo e o alcança, tu queres e sem demoras o consegues.
Eu sou apenas o moribundo que te serve de guia para traçares seus obscuros caminhos.
Um estúpido e covarde e tu a bela e eficiente inquietação.

Vasculho minha mente, reviro o meu coração. E Não encontro respostas.
Só o que quero é a tal "noite de paz". Aquela paz que aprendi e que quando ouço grandes oradores fico perplexo e apaixonado desejando-a desesperadamente. Mas ao sair dali aonde ela foi parar? Aonde?
Dá vontade de voltar e sentar no banco novamente e pedir: Repita aquelas palavras, por favor?
Seriam tais palavras mágicas?
É isso! Elas pararam na mente mas não desceram ao coração!
Estou bem preso, a maior prisão que pode existir é aquela sem grades.
Outro dia ouvia a experiência de um jovem que foi dependente de drogas, foi preso, abusado sexualmente... O cara sofreu horrores! Ele dizia que Jesus havia lhe libertado e que ele estava feliz por isso.
Aquilo me causava inveja, pois ele tinha uma história impressionante pra contar e as pessoas de certa forma o admiravam. De certo modo ele também tinha minha admiração, por vezes dava vontade de chorar durante o seu discurso.
Mas ele estava liberto e seu percurso de vida e seus sofrimentos tornavam aquela libertação algo muito especial.
Ficou então a minha inquietação: E a minha libertação, é menor que a dele? Será que as pessoas ouviriam com o mesmo entusiasmo a minha monótona história de vida? Sentiriam vontade de chorar se eu discursasse? De certo que não!
É sempre assim que tudo funciona. Somos movidos pelo impressionante, é através dele que as coisas passam a ter valor. Isso no mundo material é aceitável. Mas nós humanos ficamos cegos por esse mundo e transferimos o impressionante e o palpável para o mundo espiritual e nele absurdamente dimensionamos a nossa fé.
Sua vida é monótona e sem variações? Você é cheio de problemas?
Mas quando entra o grande orador, ela te convence que a sua vidinha normal e sem problemas é medíocre, e que sua vida de cheia de problemas é provação.
Ai você chora e se convence disso. E quem não tinha problemas, sai dali com um grande problema. E quem realmente tinha problemas sai dali se achando um vencedor com mais obstáculos a vencer.

Estou sendo escorraçado pela minha mente, mas aos olhos naturais nada tenho. Sou um alguém normal de vida simples e que devo agradecer pelo que tenho.
Talvez o tal jovem ex-drogado esteja feliz. Ele pode olhar para trás e dizer os obstáculos que venceu.
Mas eu, pobre jovem normal de vida medíocre o que tenho a dizer?
Tenho muito a dizer, muito mesmo.
Mas quem? Quem estará interessado em ouvir?
Minha história é comprida, monótona, e chata. Mas tão complicada quanto à do tal jovem ex-drogado.
Talvez até mais complicada e mais triste que a dele, a diferença é que aos olhos humanos eu nada tenho.
A diferença é que o tal jovem venceu seus infindos e tristes obstáculos, e eu com meu medíocre problema ainda não.
A diferença é que a história do tal jovem choca e a minha dá sono.
Mas a principal diferença é que aos olhos naturais o problema que ele tinha era muito grande e ele resolveu, e o meu é pequeno e estúpido e ainda sim não consegui resolve-lo.

"BY FINO"
enviada por Fino

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Esse foi um texto escrito em 2003, no auge da minha agonia. Mas hj ja to bem...
sei lá quis coloca-lo aqui.

Fino