31 janeiro 2008

Eu vi a intolerância religiosa

Lendo o texto abaixo do Fabio Fino, me veio a mente uma historia que ocorreu a uns 8 anos atrás se não me engano. Eu estava “estagiando” em um jornal que pertencia a uma igreja pentecostal de rígida conduta nos costumes da igreja. Mulheres não podiam andar de calças, terem o cabelo cortado ou usar maquiagem. Os homens não podiam deixar a barba crescer ou ser visto andando de bermuda no bairro, pois seria condenação na certa, sem pedido de clemência. O membro da igreja ia direto para o “banco dos réus”, sendo proibido de tomar a santa ceia por tempo indeterminado (eu sempre quis saber qual era o critério para esse tal tempo, pois tinha gente que ficava um mês e outros chegavam há seis meses, acho que dependia da cara de piedade que o condenado fazia na hora).

Mas voltando ao assunto, esta igreja tinha um seminário teológico, e todos os professores eram desta igreja (Assembléia de Deus), havia porem naquela época uma exceção, um professor que era da igreja Batista. Havia um culto toda segunda-feira na igreja chamado de “noite da benção” e era um costume da igreja sempre convidar para pregar, os professores do seminário, e certo culto o pregador seria este professor da igreja batista.

Entretanto este professor tinha o habito de deixar o cavanhaque crescer, e lá foi ele ao tal culto da benção pregar. No fundo do templo, havia um prédio em anexo a igreja onde funcionava a redação do jornal. Uma sala razoavelmente espaçosa com um banheiro. O culto já tinha começado, eu estava sozinho nesta noite na redação, digitando uns textos e olhando o relógio, pois mais ou menos na hora da pregação eu ia descer ao templo para acompanhar a pregação do professor.

Entretanto, faltando poucos minutos para a pregação iniciar, eis que senão quando, aparece na sala do jornal o professor com um aparelho de presto-barba em mãos, perguntando se poderia usar o banheiro para se barbear. Pois os organizadores do culto, ao verem chegando o informaram de que não seria possível subir ao púlpito da igreja para pregar com aquele cavanhaque, pois seria uma afronta a igreja e ao pastor presidente da igreja que estava no culto e uma afronta ao costumes da igreja, pois a igreja proibia e ele mesmo sendo de outra igreja, estaria incentivando o uso do cavanhaque.

Agora vejam só, o professor foi convidado a pregar, não era da igreja Assembléia, logo não estava “debaixo” dos costumes da igreja. A atitude dos pastores da igreja para com o professor, foi de total discriminação. Entretanto a atitude dele foi de grande louvor, pois ele me disse que pediu para o diácono ir à drogaria mais próxima, comprar a gilete que ele iria raspar o cavanhaque na hora, pois ele disse que o evangelho não deixaria de ser anunciado para a igreja por causa de um cavanhaque, isto não seria empecilho para ele.

Ele não fez o cavanhaque por respeito aos “santos pastores” daquele púlpito, mas sim parafraseando o apostolo Paulo em 1Corintios 9:22 “Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns”.

Para pregar o evangelho às vezes é necessário dançar conforme a música, mesmo que tenha que se vestir de palhaço e fazer o cavanhaque para pregar num circo/igreja.